Vira e mexe economistas e
profissionais que trabalham com recrutamento e seleção são convidados a fazer
uma previsão sobre as profissões que eles
esperam ser estabelecidas e bem-sucedidas para um futuro relativamente próximo.
Baseados nas variações econômicas do Brasil e do mundo, bem como nas mudanças
da sociedade, esses profissionais buscam antecipar qual será a necessidade
(especialmente) da economia daqui 5...
10... 15 anos.
Mas para mim não existem
profissões do futuro; o que existem são profissionais do futuro.
Quando se fala
em profissão do futuro, devemos nos questionar primeiramente de quem é esse
discurso e a qual interesse ele serve, uma vez que as análises enfatizam
especialmente a lógica lucrativa da profissão. Dessa forma, profissão do futuro
é a profissão que garante um salário alto e, nessa lógica, ser bem-sucedido é
ganhar dinheiro.
Se mudarmos
esse conceito de profissão do futuro e nos pautarmos na ideia de que ser bem-sucedido
é ser feliz, qual seria sua profissão do futuro?
Fazer Medicina,
Direito, Artes ou Gastronomia é um processo de estudo. Ser profissional é uma
construção pessoal. Ao escolher uma profissão, estamos escolhendo muito mais do
que uma grade horária mais ou menos flexível, num período de mais ou menos
cinco anos. Escolhemos direcionar nosso olhar para o mundo de um modo mais
especializado e isso influencia diretamente a maneira como percebemos a nossa
relação com o ambiente a nossa volta.
A profissão
não é o fim das escolhas, mas o começo. E é por isso que tantas pessoas sentem-se
angustiadas ao ter que fazer essa escolha. Para além do estudo técnico que se
tem no campo profissional, o que dita o ser
e o fazer profissional são as
características pessoais que desenvolvemos nas relações com o trabalho: falar
em público, ter ética, liderança, trabalhar em equipe, comunicar-se com
clareza, reconhecer dificuldades e potenciais em nós e na nossa equipe, etc.
Não estou
dizendo aqui que não há uma tendência de mercado; o contrário, sabemos que nos
últimos 30 anos profissões como datilógrafo, telefonista e barbeiro tornam-se
praticamente inexistentes, justamente porque as necessidades sociais se
modificaram. Por outro lado, profissões como designer de jogos digitais e
gestor de resíduos eram impensadas naquela mesma época. Se os valores, as
necessidades e as características da sociedade mudam, naturalmente mudarão,
também, os sentidos que damos ao trabalho.
Não estou
dizendo também que dinheiro não é importante e que a única questão a ser
levantada ao escolher uma profissão é “gostar do que se faz”, porque compreendo
que podemos inclusive aprender e mudar de opinião sobre o que gostamos de fazer.
Mas chamo a atenção para o fato de que o mercado também não deve ser o único
ditador das profissões do futuro, porque, para além do campo econômico, nossas
escolhas profissionais são influenciadas por nossas famílias, nossas
características pessoais, por nossa cultura, por nossa religião e por uma série
de outros fatores.
A profissão é uma parte do que somos. E, além do que o mercado espera da nossa profissão, o que nós esperamos sobre Ser profissional?